RAÍZES PAGÃS

O legado de reacender e manter a chama da cultura, da terra e da tradição,
sempre iluminando os pensamentos e aquecendo o coração.

Eu acredito que todas as pessoas tenham raízes pagãs. Eu tenho e você também tem!

Calma... Não se assuste e não se ofenda. Não precisa me olhar com essa cara... Não estou te questionando.

Só te faço um convite para que reflita comigo.

O que estou te dizendo é que antes desse movimento de cristandade na história recente da humanidade, todos os povos antecessores eram pagãos.

Eram vários povos e cada um tinha como riqueza maior sua cultura, suas tradições e a terra de suas origens, onde viviam as particularidades de suas comunidades plenamente.

É muito comum encontrar quem desconheça seus antepassados, seus familiares, parentes ascendentes, sequer os mais próximos quem dirá os do passado tão distante.

É comum que nem saibamos seus nomes, que não saibamos sequer de resquícios de sua história de vida.

E ainda pior, que a curiosidade de tocar esses conhecimentos nem tenha batido à nossa porta por grande parte de nossas vidas. Que tenhamos passado 15, 20, 25, 30 anos ou mais de nosso nascimento até então sem perceber que somos história acontecendo a cada dia. Que nossa história é segmento continuo e entrelaçado dessas tantas outras vidas que nos antecederam.

É muito provável que até agora você, assim como eu, desconheça onde começou sua história, qual seu papel nela e para onde ela caminha.

Mas ao nos darmos conta de como essas pessoas que já partiram e de quem esquecemos por muito tempo são importantes, tudo pode mudar.

Podemos despertar pra uma nova forma de encarar a vida onde cada descoberta sobre nossos antepassados é uma descoberta sobre nós mesmos.

Eu conversei com minha mãe e ouvi histórias que revelaram meu gosto por culinária - o que nunca quis dizer que fosse grande cozinheira - e por músicas esquisitas que meus colegas de escola diziam ser cafonas e nem por isso deixei de ouvi-las.

Eu conversei com os mais velhos da família e descobri que alguns costumes valorosos foram esquecidos. E sabendo deles tenho a honra e o dever de resgatá-los a tempo.

Eu procurei registros de óbito, nascimento, casamento, batismo de capelas e outros tantos. E eles permitiram que eu descobrisse membros da minha família dos quais nunca ouvi notícias.

Eu por estes nomes, por estas datas, nos acervos de livros e jornais de época das cidades relacionadas a esses registros. Descobri histórias fantásticas repletas de lições.

Eu pesquisei meu sobrenome, eu fui atrás da sua origem e cheguei a lugares que jamais freqüentei e que ainda assim faziam meu sangue vibrar e meu coração bater forte no peito. E descobri nesse lugar o meu berço. Meu primeiro berço. O berço de todos os que vieram antes de mim e que também será o berço de todos que eu gerar.

E encontrei com esse povo o seio que também foi capaz de alimentar todas essa gente e pode me alimentar.

Eu busquei me encontrar nessa árvore de milhares de anos, tronco grosso, diversos galhos, ramos e raiz profunda.

Eu compreendi que essa é a árvore capaz de nutrir minha vida e me fazer florescer, frutificar e passar adiante o legado que me foi confiado.

Por Girassol