O ITALIANO QUE ESTÁ EM VOCÊ
“É o bom bairrismo que faz a diferença, que estrutura a identidade, que é o
antídoto à globalização inconseqüente, que faz as diferenças italianas se
imporem na Itália e no mundo, porque cada italiano, em qualquer parte, se
considera diferente e único”.
O processo de identidade se estrutura no contexto familiar, seja a família tradicional, organizada segundo padrões éticos, civis e/ou religiosos, seja a família como referencial de relações entre pais e filhos.
Identidade é um processo básico da personalidade, dividido em auto-imagem e auto-estima.
A auto-imagem se equivale ao auto-retrato, e a auto-estima, ao auto-conceito.
Pela auto-imagem, alguém se configura como agradável, amável, simpático, ou... vice-versa.
Pela auto-estima, alguém se avalia, se valoriza como inteligente, competente, incompetente.
A auto-imagem é auto-percepção; a auto-estima se refere a auto-étero-percepção.
Na auto-imagem nos avaliamos; na auto-estima nos sentimos avaliados.
Do sentir-se consigo mesmo e do sentir-se com os outros, resulta a identidade pessoal.
Haverá uma identidade, como auto-imagem e auto-estima étnica uniforme e única?
Haverá uma identidade étnica italiana unitária?O que é mesmo ser italiano?
As etnicidades se definem por estereótipos, ou por peculiares definições identitárias?
Imagine-se alguém que se arrogue poder dizer: o Italiano assim se define.
Uma Itália unificada politicamente não corresponde a uma Itália unificada psicológica e existencialmente, como um todo demográfico semelhante. A identidade pessoal tem bases na esturutra familiar e se expressa em consonância ou dissonância das circunstâncias sociais e ecológicas.
[...]
No geral, buscamos estereótipos nacionais. No particular, buscamos estereótipos regionais, provinciais, municipais, grupais (contradas) e familiares.
Se disséssemos que há só uma forma de amar, e que o amor de ontem é o mesmo de hoje, teríamos uma equação matemática do amor.
Assim, se dissermos que o italiano de ontem, do norte, do centro, do sul é o mesmo, teríamos uma equação matemática também.
Mas, em ambos os casos, teríamos resultados frios de fria matemática, sem calor e sem sangue.
E aqui a primeira caraterísitica que apontaria do italiano, esperando a opinião do leitor:
- O italiano é um ser humano quente, vibrante, de sangue grosso, dividido em dois pólos - o de um grande amor, ou o de um grande ódio. O italiano brocha em sentimentos não existe.
E a conclusão e/ou interrogação que faria é esta:
Haverá um italiano frio, comedido, matemático, sem qualquer exagero? Sem um grande amor? Sem um grande ódio? Será a neutralidade uma virtude italiana? Se existem baratas na Itália, terá o italiano sangue de barata?
O calor, o sangue, o ódio, o amor, a paixão, o apego, o orgulho, o trabalho, a beleza, a filosofia de vida, o deboche, a fé, a crença, a descrença, o anti-tudo ... existirá no italiano como um todo conjunto, que se possa dizer:- Isto é tipicamente o italiano.
Se eu perguntar, aqui no Brasil, a alguém: De que país você é? e ele me responder: sou Italiano, e fizer a mesma pergunta, na Itália, à mesma pessoa, ela me dirá: Eu sou romano, pugliese, calabrese, siciliano, vêneto, lombardo... Se fizer a mesma pergunta em Cremona, a pessoa poderá dizer-me: Eu sou de Ca’ de Sorresini...
Quando se diz que alguém é bairrista, se pensa em algo negativo. Ao contrário. É o bom bairrismo que faz a diferença, que estrutura a identidade, que é o antídoto à globalização inconseqüente, que faz as diferenças italianas se imporem na Itália e no mundo, porque cada italiano, em qualquer parte, se considera diferente e único. Por isto, existe o pesto genovese, o queijo de Parma e, além do infindo rol de bons vinhos, há o italiano que não se desapega do ex-familiar crinto, como o melhor vinho, porque ele se crê o melhor italiano do mundo.
Defina a sua forma de italianidade e emita sua opinião para eu continuar escrevendo.
Olá,
ResponderExcluirNovo conto no Lobas Que Correm: La Mariposa, a Mulher-borboleta.
http://lobasquecorrem.blogspot.com/
Espero que goste!
Beijos.