O meu velho e Invisível Avohai

Hoje a tarde, no meio de uma conversa com um amigo, ouvi essa música do Zé Ramalho e impossível não lembrar desse meu Avohai, da presença infalível ainda que invisível e findada aos olhos do mundo. Daquela força existente na personalidade do homem simples e lavrador. Daquele cheiro de protetor, ainda que fosse o protetor solar, do cabelo comprido e lourinho, que teimava em não branquear, cada vez mais cacheado...

Avôhai Zé Ramalho
Composição: Zé Ramalho

Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde coarava
Sua camisa e seu alforje de caçador
Oh meu velho e invisível Avôhai
Oh meu velho e indivisível Avôhai
Neblina turva e brilhante em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina e que transparente cortina ao meu redor
E se eu disser que é meio sabido você diz que é meio pior
E pior do que planeta quando perde o girassol
É o terço de brilhante nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo da porteira
Nem também da companheira que nunca dormia só

Avôhai... Avô e pai
Avôhai

O brejo cruza a poeira de fato existe
Um tom mais leve na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida, sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de avôhai...